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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Brasil enfrenta escassez de mão-de-obra qualificada

Desde a década de 70, o Brasil não sabe o que é ter vaga no mercado de trabalho sem a contrapartida de profissionais preparados. Mas o fato voltou a acontecer e a principal causa está baseada no perfil dos trabalhadores, geralmente inadequados à oferta de mão-de-obra disponível. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/Pnad), para cada grupo de três trabalhadores, somente dois encontram, em média, algum tipo de ocupação, sendo a maior parte precária.
De acordo com dados da pesquisa “Demanda e Perfil dos Trabalhadores Formais no Brasil em 2007”, produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a demanda do País não é para cursos de Bacharelado, mas para formação de técnicos e tecnólogos. Enquanto 9 milhões de brasileiros buscam emprego, em algumas áreas sobram vagas por falta de mão-de-obra qualificada. Segundo o estudo, sobraram, em média, 25 mil vagas na indústria química e petroquímica, 23,9 mil na indústria de produtos de transporte, 21 mil na indústria de produtos mecânicos e 20,8 mil vagas na indústria extrativista mineral.
Daniel Guedes, diretor executivo de Operações da Microlins, rede de ensino profissionalizante, afirma que somente no ano passado a empresa encaminhou mais de 140 mil jovens para o mercado de trabalho e cerca de 500 mil novos alunos se matricularam nas escolas. “Esperamos receber mais de 650 mil novos alunos em 2008. Trabalhamos baseados nas tendências do aumento da procura pelas áreas de petróleo e gás, onde já temos alguns cursos em fase experimental; aumento da procura por cursos técnicos e lançamento de cursos na área sucroalcooleira”, destaca.
Para Marcio Pochmann, presidente do Ipea, para tentar solucionar esse quadro é preciso repensar as políticas de emprego no Brasil. “O sistema de formação com a perspectiva que temos para os próximos cinco ou dez anos necessita ser reformulado. Não precisamos importar trabalhadores para suprir a demanda de determinados setores, mas qualificá-los e treiná-los para suprir as vagas existentes”, enfatiza.
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O gerente técnico do Sistema Nacional de Emprego (Sine/SC), Osnildo Vieira Filho, compartilha da mesma opinião e ressalta que as empresas poderiam fazer o papel de qualificadoras da mão-de-obra, através de cursos técnicos promovidos internamente ou em parceria com alguma instituição especializada. “As empresas pedem mão-de-obra qualificada, mas na prática, poucas estão dispostas a pagar salários que realmente compensem o nível de exigência, o que resulta no crescimento de trabalhadores informais. A maioria prefere trabalhar por conta própria em vez de se submeter à baixa remuneração”, esclarece.
Para Ronei Cascaes, diretor da Proway Informática, empresa de desenvolvimento de soluções e treinamento na área de Tecnologia da Informação, sediada em Blumenau (SC), a constatação é unânime: falta mão-de-obra qualificada, sobretudo no setor de informática. “Esta é uma questão complicada para as empresas, pois se só tiverem poucos profissionais preparados para exercer determinada função, o custo para mantê-los será alto, sem falar na disputa do mercado por esses profissionais. Esse fato pode até inviabilizar a produção de uma empresa”, analisa.
Com o propósito de reverter este quadro, a Proway, em parceria com a T-Systems, uma das líderes mundiais em serviços de Tecnologia da Informação e de Comunicações (ICT), pertencente ao grupo Deutsche Telekom, abriu inscrições para um treinamento gratuito em desenvolvimento de sistemas. A iniciativa deve capacitar quase cem candidatos para o mercado de tecnologia.
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Demanda por profissionais da saúde
De acordo com o Programa Mais Saúde, do Governo Federal, devem ser criados, nos próximos anos, 3 milhões de novos empregos diretos e indiretos no setor da saúde, alcançando 12,5 milhões de postos de trabalho. Até 2013, está prevista a distribuição de 10 milhões de cadernetas de saúde para homens e mulheres acima dos 60 anos, que passarão a contar com acompanhamento adequado. Mas para que isso seja realmente possível, será necessário capacitar em torno de 60 mil profissionais em todo o Brasil e ampliar para 550 o número de equipes responsáveis pela saúde de 50 milhões de pessoas.

Para qualificar trabalhadores nessa área, instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) investem em cursos técnicos tradicionais e inovadores que aliam conhecimentos teóricos e práticos. “Nosso objetivo é colocar no mercado profissionais treinados para atender às demandas do setor de maneira eficiente”, destaca o diretor do Senac/SC Rudney Raulino. A instituição, que existe em Santa Catarina há 60 anos, é destaque na área da saúde com cursos de Enfermagem, Radiologia, Segurança no Trabalho, Biodiagnóstico, Saúde Bucal, Saúde Visual, Estética e Reabilitação.

Com tantas oportunidades de capacitação e a afirmativa do Governo Federal de que serão abertos novos postos de trabalho, o cenário da saúde está em plena expansão. Segundo Rudney, esses processos de reforma do setor exigem profissionais com novas competências e muita qualidade. As equipes do Programa de Saúde da Família, por exemplo, necessitam de técnicos em enfermagem, higiene dental, auxiliares de consultório dentário, agentes comunitários de saúde, entre outros. “Com a criação de novas tecnologias e as constantes mudanças no ambiente da saúde, os trabalhadores deverão buscar aperfeiçoamento para não ficarem à margem do mercado”, afirma.

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